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Imbróglio com Fundação de Esportes e Secretaria da Educação preocupam técnicos de rendimento em Brusque

Eles reclamam que ainda não foram chamados para assumirem modalidades, mas já iniciaram o trabalho para que atletas possam representar a cidade nas disputas estaduais

por Redação
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A situação dos técnicos brusquenses está em um verdadeiro imbróglio. Eles são contratados pela Secretaria de Educação como professores municipais e então são cedidos para a Fundação Municipal de Esportes para executar suas funções nas equipes que representam a cidade. Mas não foi isso que aconteceu este ano, muitos deles ainda não foram chamados, apesar de já estarem preparando os atletas para as competições.

Um exemplo disso é o técnico da AD Brusque, Alexandre Barros da Rocha, o Bicudo. Atualmente ele trabalha 40 horas semanais dando aula nas escolas. Isso representa um dia todo de trabalho. Após as aulas, o técnico ainda faz o treino da equipe. No ano passado, por exemplo, o profissional atuava apenas metade da carga horária na escola, no restante do tempo (nas demais 20 horas) era cedido para trabalhar com o basquete de rendimento da cidade. Mas a prática, agora, está sendo contestada pelo Ministério Público, que já acionou a prefeitura sobre a situação. “Eu trabalho 40 horas em escola e todos os dias têm treino de noite sem receber nada para isso”, afirma Bicudo.

“Meus treinamentos são integrais, de manhã e de noite. Imagina você ser comandante de uma equipe e não poder estar presente em metade do treino e, na metade que você pode, está extremamente cansado por ter passado o dia todo em sala de aula. Prejudica muito a equipe, sem falar na relação familiar. Eu acordo às 6h da manhã e só vou dormir depois do treino à meia-noite”, reclama o técnico.

Possível solução
Uma possível solução para este problema é o Bolsa Técnico. O projeto proposto pelo vereador Deivis da Silva, que é líder do Governo na Câmara, ainda está sendo estudada pela prefeitura, mas isso não anima Bicudo. “Tem que ver qual é o projeto, quais são os requisitos e condições. O problema é que não tem vínculo empregatício, férias, décimo terceiro e essas coisas, sem falar que eu estou em competição agora e isso ainda pode demorar. Não é de se descartar, mas tem que ser conversado com os técnicos”, considera.

O comandante da natação, José Armando Vasquez Soto, o Bay está em uma situação mais confortável que Bicudo, mas ainda sim mostra preocupação. “Eu trabalho diretamente com a natação, mas vários técnicos têm vínculos com escolas e ainda não foram chamados. Eu estou esperando para conversar pessoalmente com o novo superintendente, Olavo. Eu e vários técnicos já estamos nos preparando para competições. Estamos entrando em março e estamos sem resposta”, lamenta Bay.

Ele também espera mais valorização destes profissionais. “Esporte de rendimento sem bons técnicos não existe. Os treinos da natação estão acontecendo normalmente, mas a gente e os atletas ficam incertos”, explica. Bay também comenta sobre a Bolsa Técnico e a situação dos atletas. “Precisamos de Bolsa Atleta também, além de Técnico. Está difícil manter os atletas em Brusque, já procuraram gente da minha equipe para representar outras cidades”.

Mas mesmo com a preocupação com os atletas, Bay acredita que os técnicos devam ser a prioridade. “A questão do Bolsa Atleta se resolve em 8 meses, o problema está nos técnicos. Não adianta pagar Bolsa para os Atletas e os técnicos não estarem contratados dentro da Fundação. Acho que a Fundação tem que fazer o impossível por eles. Estou há 35 anos na natação brusquense, ganhei um mérito na Câmara dos Vereadores e, de repente, estar sem contrato nenhum. Isso nos deixa inseguros de continuar lutando por Brusque, formando atletas, ter uma escolinha”, reclama. “Foi criada uma FME para ser forte no esporte. Fico perplexo da FME depender da Educação, os técnicos serem contratados pela Educação. Técnico tem que ser contratado para ser técnico. Brusque tem várias escolinhas, parabéns, acho bom, mas em termos de esporte competitivo… estamos nisso há anos”, termina Bay.

No voleibol a situação não é diferente. Segundo o coordenador Luiz Antonio Moretto, os cinco técnicos da Abel estão enfrentando os mesmos problemas que Bicudo, trabalhando 40 horas na educação e fazendo “hora extra” no esporte. “Todos os técnicos estão sem contrato desde dezembro. Ninguém vai ter tempo de trabalhar com o esporte se continuar assim”, lamenta.

Sobre a possibilidade do Bolsa Técnico, ele também se preocupa com a demora. “Vai demorar quanto tempo? Três, quatro meses? Isso se fizerem em caráter de urgência”.

Moretto considera que uma solução seria, pelo menos por enquanto, continuar como tem sido feito nos últimos anos. “O Bolsa Técnico já deveria ter sido feito há muito tempo, mas por 12 meses, não 8 como é com os atletas. Outro jeito é a Educação ceder esses técnicos e a Fundação passar a ter o próprio processo seletivo. Ou tentar repassar esses valores para as associações”, pondera o técnico.

A Secretaria da Educação foi contatada para comentar sobre a situação. Segundo nota, “o novo superintendente da Fundação Municipal de Esportes, Olavo Larangeira Telles, assumiu o cargo essa semana e, desde então, a secretária da Educação, Eliani Buemo, está tratando do assunto”. De acordo com a secretária, o objetivo é de que até semana que vem o órgão tenha um posicionamento para dar continuidade aos projetos.