Home Futsal Busca por reconhecimento: meninas do futsal feminino superam barreiras diárias para praticar o esporte

Busca por reconhecimento: meninas do futsal feminino superam barreiras diárias para praticar o esporte

“Atualmente a principal dificuldade é a falta de investimento. Esperamos ser reconhecidas e valorizadas por parte das autoridades e empresas, que tratam desta situação com descaso”, opina Thayline Santos De Oliveira, fixa do Lille Futsal, equipe campeã do Campeonato Municipal de Futsal Feminino de 2018, competição organizada pela Prefeitura de Brusque, por meio da Fundação Municipal de Esportes.

por Redação
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Se há tempos o futebol e o futsal eram modalidades estritamente masculinas, com muito preconceito envolvendo as mulheres que queriam ou gostariam de praticar, atualmente os esportes estão muito mais democráticos e abrangentes.

Nas quadras brusquenses, por exemplo, já fervilha o movimento, sobretudo, do futsal feminino. Se por um lado a sociedade felizmente já não enxerga mais com estranheza a inclusão das mulheres na modalidade, a valorização, por outro, ainda está longe de se equiparar com o gênero masculino.

“Atualmente a principal dificuldade é a falta de investimento. Esperamos ser reconhecidas e valorizadas por parte das autoridades e empresas, que tratam desta situação com descaso”, opina Thayline Santos De Oliveira, fixa do Lille Futsal, equipe campeã do Campeonato Municipal de Futsal Feminino de 2018, competição organizada pela Prefeitura de Brusque, por meio da Fundação Municipal de Esportes.

Mary de Lima, atleta do time Lion FC, tem opinião semelhante. Para ela, é preciso que haja conscientização, tanto das empresas, do poder público e da mídia, de que o futsal feminino pode, sim, ser algo rentável e que atrai a atenção do público.

“Temos poucos torneios ou campeonatos realizados em Brusque. Na maioria das vezes, são em outros municípios, então precisamos de mais apoio para poder crescer mais. Sempre joguei futsal, mas nunca em um time fixo, justamente por falta de apoio (…) nós, mulheres, deveríamos de ser mais reconhecidas em quadra”, enfatiza.

“Temos no máximo três torneios por ano em Brusque. Oficialmente, somente o Campeonato Municipal como evento. Até ano passado o SESC promovia a modalidade no torneio dos comerciários, porém, nesse houve masculino”, lamenta, também, Rafaela de Aquino, jogadora do MWFC, agremiação vice-campeã do Municipal 2018.

Vale ressaltar que o município de Brusque já foi referência nacional e internacional na modalidade, com equipes como Cestão e O Barateiro. Muitos brusquenses não sabem, mas o município teve, por alguns anos, a presença da melhor jogadora do mundo. Trata-se de Amandinha, que vestia a camisa do O Barateiro e hoje representa o Leoas da Serra, de Lages, equipe atual campeã da Copa Libertadores, competição que o time brusquense também venceu.

Um claro exemplo de que as atletas necessitam ser mais ouvidas e prestigiadas pela população. “É nítida a falta de valorização. E não somente aqui, mas em todo o país. A diferença básica você pode comparar com o Falcão. Quando ele veio até Brusque, lotou a Arena. Ele merece todo esse respeito? Claro que sim, ele nos inspira. Porém, a melhor atleta de futsal feminino, eleita por quatro anos consecutivos, morou e representou nossa cidade por muitos anos e nunca foi reconhecida como tal”, continua Rafaela (MWFC). Ela ressalta que os custos para prática da modalidade são altos, sobretudo para participação em torneios. “No campeonato municipal de futebol amador de Brusque tivemos que pagar até a arbitragem de cada jogo. Ou seja, o valor que foi gasto para participar foi até maior que a premiação”, lamenta.

Entre dificuldades e falta de apoio, as meninas dos cinco principais times em atividade no futsal brusquense seguem treinando, jogando competições no município e em outras cidades, buscando, sem esmaecer, por mais espaço no cenário esportivo nacional. Quem sabe, em breve, com um pouquinho mais de apoio, não surja outra Amandinha nas quadras brusquenses?