Home Futebol Em entrevista especial a EsporteSC TV, goleiro Zé Carlos comenta sobre "lance polêmico", os bastidores da vitória na Copa do Brasil, e sua trajetória como goleiro do Brusque FC

Em entrevista especial a EsporteSC TV, goleiro Zé Carlos comenta sobre "lance polêmico", os bastidores da vitória na Copa do Brasil, e sua trajetória como goleiro do Brusque FC

Neste domingo (16), quando o arqueiro entrar em campo com a camisa quadricolor, Zé Carlos vai atingir uma marca importante dentro do clube. Será o jogo de número 50 do atleta com a camisa do Brusque FC.

por Redação
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Um dia depois da vitória histórica do Brusque diante do Sport Recife, o goleiro Zé Carlos participou do programa EsporteSC TV (veja vídeo abaixo) para falar sobre o jogo e, um pouco da carreira e momentos marcantes com a camisa do Brusque.

Neste domingo, quando o arqueiro entrar em campo com a camisa quadricolor, Zé Carlos vai atingir uma marca importante dentro do clube. Será o jogo de número 50 do atleta com a camisa do Brusque FC.

Em um bate-papo de mais de meia hora com o repórter Elizandro Cruz, o jogador do Brusque comentou sobre a sua ligação com o clube, a cidade e a torcida. Ele também falou sobre a vida pessoal, o que gosta de fazer quando não está em campo, e claro, sobre o lance polêmico na disputa de bola com Elton, do Sport.

Veja abaixo os principais trechos.

ESPORTESC TV – Como foi o jogo e essa classificação histórica?

Zé Carlos – Estava tudo dando certo. Respeitamos o Sport porque sabemos que é uma grande equipe do futebol brasileiro, mas como falei com os companheiros antes da partida: – Não é sempre que jogamos uma Copa, milhares de times queriam estar e não tiveram essa condição. A gente tinha. Não foi fácil estar aqui… As pessoas acham que foi fácil ganhar a Copinha, não foi. Tivemos cinco jogos com rendimento abaixo após o título brasileiro, fomos cobrados… treinador caiu, veio outro. Depois fechamos a casinha e chegamos à final, mas foi difícil. Por isso que nos alegra e a sensação é boa nesse momento, de conquistar essa vaga para outra frase em cima de um time de Séria A do Campeonato Brasileiro, com grandes jogadores. Mas o que falo sempre, acima de tudo são 11 contra 11. Estou feliz, o torcedor está feliz, a cidade. Nós, jogadores, estamos lisonjeados por essa conquista, mas com pés no chão porque tem muita coisa pela frente.

ESPORTESC TV – Como foi vestiário após a classificação?

Zé Carlos – Foi uma festa total depois. Também tivemos uma janta disponibilizada pela diretoria, com jogadores, familiares. Isso que é a coisa boa do Brusque. A gente está sempre junto: jogadores, familiares, roupeiro, massagista. Uma união difícil de explicar. Já passei por vários clubes na carreira e nunca tinha vivido isso. Na hora boa ou ruim, está todo mundo junto. No vestiário foi uma euforia. Não é fácil vencer essas equipes. Acima de tudo, passar alegria para o torcedor e ver ele daquela maneira é muito importante. É uma emoção forte, ainda mais pelo contexto do fim do jogo, em saber ou não se o juiz daria o gol. Aquilo nos emocionou muito, acima de tudo pela entrega do time.


ESPORTESC TV –
Como é estar entre os grandes nomes da história recente do clube?

Zé Carlos – Lisonjeado e feliz por esse momento. Falo de coração, já passei por vários clubes e é um momento muito agradável na minha vida em tudo, dentro e fora de campo. Já tive muitos erros como profissional e estou vivendo algo mágico desde que cheguei ao Brusque, no fim de 2018, até agora, momentos de alegria tremenda. É muito importante para mim entrar na história do clube que, tenho certeza, será um time grande de Santa Catarina e, se as pessoas tiverem bastante consciência, um time grande do futebol brasileiro. Tem tudo para isso. E é uma alegria porque o clube cresce, a cidade cresce e todo mundo cresce. A gente vê a Chapecoense, foi da mesma maneira. Ela se estruturou, hoje tem CT top, e a cidade cresceu. Estive lá em 2009, quando sai do Criciúma, fiquei um mês e meio treinando, pois estava sem clube. E a gente conversava sobre tudo. Perguntávamos se não tinha shopping e a pessoas falavam: “aqui não tem como ter shopping, como o povo velho vai de chinelo para a cidade… e depois para um shopping”. E a cidade de desenvolveu, o clube fez aquilo. Então, que a gente possa fazer a Arena, levar 5, 10 mil pessoas ao estádio, e fazer o Brusque forte.


ESPORTESC TV –
Neste domingo, na partida contra o Juventus, pelo Catarinense, você atinge uma marca importante com a camisa do Brusque. Como é a sensação de fazer 50 jogos pelo clube?

Zé Carlos – Olha, já são 50 né, em 2016. Quando tive minha primeira passagem na Série D, e depois, de 2019 até hoje, cheguei a marca de 50… que rapidez. Mas é bom, já podeira ter atingido, mas tive a lesão no ano passado. Esse ano também fiquei fora dois jogos, mas estou feliz por esse momento. São 50 jogos de muita dedicação, de sempre querer vencer, não assertando sempre, às vezes errando, mas sempre com a certeza de muito mais alegrias do que tristeza. Espero que estes 50 jogos virem 100, 200. Estou muito feliz na cidade e no clube. Me identifico muito e espero poder fazer muito mais pela frente.


ESPORTESC TV –
Momento mais importante?

Zé Carlos – Sem dúvida foi a final da Série D, o momento do último pênalti. Foi um momento histórico, único. Já tinha sido campeão da Série C pelo Criciúma, e feito gol de falta na final. Mas já estava 5 a 0, fiz o sexto, mas ali (em Manaus) foi diferente. Peguei a bola, 50 mil pessoas na Arena, uma vaia. Eu pego, bato o pênalti, faço o gol e dou alegria para o torcedor e para a cidade. É um momento muito agradável nessa história que tenho aqui no Brusque.


ESPORTESC TV –
Defesa mais marcante?

Zé Carlos – Posso dizer que foi a defesa de ontem (quarta), quando, a meu ver, foi falta no Airton, mas infelizmente o árbitro não marcou e o Marquinhos saiu de frente comigo e consegui fazer a defesa. Fiz outras, mas essa foi fundamental, até porque estava 0 a 0. Se você sai atrás, correr atrás de equipes qualificadas como essa, complica, porque você tem que se expor e os times saem no contra-ataque com qualidade. Então, de algumas defesas que fiz, essa contra o Sport foi a mais importante nessa trajetória.


ESPORTESC TV –
Como é o Zé Carlos fora de campo?

Zé Carlos – Tranquilo. Um cara família, amigo. Gosto sempre de estar na resenha e sou parceiro. Curto estar com a família fazendo meu churrasco e gosto de estar redes sociais. Sou um cara simples, amigo acima de tudo, respeito a todos, e gosto de acreditar na bondade das pessoas, até que elas me mostrem o contrário. Sou extrovertido, as vezes bipolar, não dá para ser sempre alegre, faz parte da vida… E assim que vou levando minha vida, sem passar por cima de ninguém e espero ser assim por muitos anos.

AGORA, VAMOS FAZER ALGUMAS PERGUNTAS QUE FORAM ENVIADAS PELOS TORCEDORES

Daniel Andradeeh – O que aconteceu no gol do Sport?

Infelizmente poderia ser tudo mais fácil se o juiz tivesse melhor posicionado e se a bandeirinha não corresse para o meio após levantar a bandeira. Não teria tido tudo que aconteceu, reclamações e quase 10 minutos parado. No lance, o Elton só veio no meu corpo. Pessoal fala: “ah porquê você não deu soco”. E não dei porque eu estava sozinho, já com a bola na mão. Não é jogada que tenho que atacar a bola e dar o soco. Quando estou com a bola na mão, o Elton bate em mim. Nem tinha visto na hora que ele ainda levou com a mão. Acho que depois as pessoas se reuniram e fizeram certo. Não iam só nos prejudicar, mas prejudicar a eles também (arbitragem). Eles tem família, nós também. Eles só fizeram o certo. Não adianta dizer como o Guto (treinador do Sport demitido do clube após a eliminação) falou, que veio situações de fora. A bandeira já havia dado falta. Eles depois só se reuniram e viram que foi falta e, graças a Deus eles acertaram. Só fizeram a coisa certa. Seria a maior injustiça se eles validassem aquele gol.


Adalberto Bernardes, do Dom Joaquim – Depois de ter voltado da contusão, que você ficou uns dias afastado do Campeonato Catarinense, qual a sensação de voltar e num jogo tão difícil como foi ontem, contra o Sport Recife, e fazer várias defesas, fazendo a alegria da torcida e classificando o time para a próxima fase da Copa do Brasil?

A gente fica lisonjeado. Voltei contra o Avaí novamente, depois enfrentei Chapecoense, Tubarão e agora Sport. Quatro jogos muito difíceis e vou dizer que, destes quatro, o mais difícil foi contra o Tubarão. Eles jogam de maneira diferente e a gente não conseguiu encaixar neste esquema que o Pingo faz, até o Brusque já jogou, que é um losango, então o Tubarão teve algumas oportunidades. Mas, para mim, foi muito agradável. Estou feliz por este momento. Espero não ter mais contusão e que possa jogar o ano todo sem lesão para ajudar meus companheiros dentro de campo.


Rodrigo Padilha Machado, do Centro –
Zé Carlos, como você se sente quando vê um erro do juiz, como no teu lance, que houve falta, mão na bola e ainda assim o árbitro pensa em validar um gol totalmente irregular como aquele. Qual a sua opinião sobre essa autoridade que o juiz tem, mesmo quando erra? Já que há poucos casos de decisões de mudanças após o fim de jogo?

Vocês viram. Nossa reação foi de desespero de ter visto que ele tinha dado gol. Nos desesperamos naquele momento. A gente até se excedeu um pouco na nossa situação, ter chego perto, falar um pouco mais alto, mas é uma Copa do Brasil, vale dinheiro, premiação ao atleta, dinheiro para o clube, visibilidade, é tudo. Não é fácil, a gente se sente raivoso no calor da emoção, mas ao mesmo tempo tivemos discernimento de falar com ele. Eu disse: – você só faça a coisa certa, o cara fez a falta em mim, se reúna e faz coisa certa… Vocês vão acertar. Às vezes esse meu comportamento pode ter ajudado. Mas vou te falar, na hora dá uma raiva, porque é complicado.


Deivid Martins – Monstro, é verdade essa história de que o Alisson
(goleiro do Liverpool) assistia vídeos dos seus jogos para se inspirar em você? Acima de tudo o cara é muito humilde. Sucesso fera.

Não, não (risos). O Alisson deve ter assistido algum jogo porque sou muito mais velho que ele, mas sobre o Alisson, não sei se foi com esse torcedor que conversei após o jogo, que me perguntou “porque você não socou” e respondi: – Eu sou igual ao Alisson da seleção, pego a bola firme, não tem que ficar socando bola. Por isso ele está na seleção e no Liverpool. Poderia ter socado a bola e poderia ter socado errado, ela poderia ter caído à frente, poderíamos ter tomado o gol e a gente cair fora. Era um lance que era minha bola. Fui com convicção de que ela era minha. Um pouco antes houve um escanteio do lado esquerdo e eu tinha que atacar a bola, eu tive aquela possibilidade. Mas neste outro caso eu estava com segurança, fui e segurei ela. O que o Elton fez, se eu fosse o atacante, também faria. Eles estavam perdendo e ele se jogou na bola, foi no desespero.


Marcio Bressan – Já jogou na linha?

Comecei como atacante no Próspera, quando fui para o Criciúma já fui como goleiro. Mas, no Próspera, com 11/12 anos era atacante, jogava com a camisa 9 e era habilidoso. Por isso tenho um pouco dessa facilidade de jogar com os pés. Óbvio que foi treinamento ao longo da minha carreira, em termos de reposição de bola, mas isso tudo vendo nossos ídolos, pegando algo de cada um. Sempre gostei de bater falta, hoje não bato porque acho que cansei, algo assim. Eu via o Rogério (Ceni) bater, depois o vi bater pênalti. Meu grande ídolo, como goleiro, é o Elton, ex-Vasco. Via como ele era rápido e tinha agilidade. Mas se você não treinar, nada acontece por acaso.

ESPORTESC TV – AGORA, PARA FINALIZAR, VAMOS FAZER UM BATE-BOLA, COM RESPOSTAS CURTAS E RÁPIDAS.

O que faz quando não está em campo?
Fico em casa com a esposa, vendo esporte o dia inteiro. Gosto de tudo. Não entendo um pouco de beisebol e hóquei, mas o resto a gente vai vendo tudo.

Um hobby?
(Pensando…) Acho que agora andar de patinete (risos)

Uma música?
Musica? Pagode (risos). Aquele mais tranquilo. Sorriso Maroto, situações assim.

Comida preferida?
Arroz, feijão, batata frita e bife.

Uma cor?
Preto e branco

Uma mania?
Deixa eu ver se tenho (pensa bastante). Ah… olha… sou ruim para essas coisas, pois agora tenho mania… Minha esposa fala que é essa, que estou fazendo agora, ficar com a mão direto sobre o nariz.

Um momento?
Deixa eu ver (mostra a tatuagem na perna). 18/08/2019, final do Brasileiro Série D.

Um ídolo?
Meu pai, acima de tudo, e, no esporte, como falei, o goleiro Elton, do Vasco.

O que mais gosta em Brusque?
O que mais gosto em Brusque? Gosto de tudo: cidade, clube, pessoas que dirigem o clube, e das pessoas da cidade em si, que me abraçaram de forma muito bacana. Eu e minha família gostamos muito daqui, podem ter certeza disso. Vamos levar sempre para nossa vida isso. Brusque é onde eu vivi meu melhor momento não só na carreira, mas na vida pessoal também.

Um recado aos torcedores?
O meu recado ao torcedor do Marreco é que acredite em nós. Somos falhos às vezes, digo entre diretoria, jogadores, mas acredite em nós. Trabalhamos arduamente todo dia com vontade de vencer e dar alegria a vocês. Podem ter certeza que jamais faremos algo ao contrário disso. Sempre procuraremos melhorar e dar alegria ao torcedor e à cidade, querendo sempre coisas boias ao clube. São palavras pessoais minhas, mas que representam um grupo que quer vencer e uma diretoria que nos dá todo o respaldo para estarmos juntos, e juntos somos mais fortes.