Das 71 vítimas que integravam a delegação da Chape acidentada na Colômbia na última semana, uma delas figurou por quase três anos nos vestiários do Brusque FC. Anderson Donizete Lucas, o Cocada, roupeiro do Verdão do Oeste, não marcava gols nem dava dribles desconcertantes, mas se tudo ocorria bem para os atletas entrarem em campo, muito se deve ao profissional. Era ele quem deixava tudo pronto que que os jogadores pudessem adentrar ao gramado.
Com currículo extenso, Cocada fez seu nome em clubes do interior de São Paulo. Em 2006 ele chegou no Brusque de 2006, clube onde permaneceu até a metade de 2008, conforme lembra o supervisor de futebol, João Carlos de Carvalho, o Indião.
Indião, que já atuava no Brusque àquela época, destaca que Cocada era um rapaz bom, um cara trabalhador e muito culto. “Às vezes o pessoal não dá muita relevância ao roupeiro e ele mostrava uma outra imagem. Era um cara superculto, na época fazia faculdade de administração e entendia muito de computação”, destaca Indião.
O supervisor de futebol do Brusque conta que Cocada tinha uma esposa uruguaia, e além de ser uma pessoa muito boa fora de campo, se destacava por ser um profissional muito dedicado. A organização era outro ponto forte do profissional. “Ele sempre sabia onde estava tudo e o que estava acontecendo”, diz Indião, que define o amigo como um cara fechado, mas tranquilo.
Após a passagem de Cocada pelo Brusque, ambos se reencontraram em várias oportunidades no mundo do futebol. As últimas foram este ano. “Nos falamos no estadual e também na base. Sempre nos encontrávamos, pois tínhamos uma relação muito boa. O Cocada sempre foi um grande profissional, uma pessoa truncada, mas muito tranquila”, comenta Indião.
O presidente do Brusque, Danilo Rezini, diz que não chegou a ter relação direta com Cocada, já que quando chegou ao clube, no segundo semestre de 2008, o profissional já estava de saída. Mesmo com pouco contato, Rezini é só elogios ao profissional. “Peguei pouco tempo dele aqui. Apesar disso, me recordo bem. Era um cara bacana, humilde e que mostrava muita competência no que fazia”, observa.
Atualmente, Cocada mantinha uma página no canal YouTube chamada “Cocada Roupeiro” onde contava um pouquinho de sua profissão. Irreverente, arrebatou fãs por todo o Brasil. Após sua morte, uma campanha foi criada na internet para que seu canal alcançasse 100 mil seguidores. Com este número, sua família deve receber a Placa Botão Play de Prata do YouTube, dada aos canais que atingem essa marca. O objetivo não só foi cumprido, como superado com tranquilidade. A família de Cocada deve receber a honraria após o canal do roupeiro chegar em uma semana a quase 130 mil seguidores.
