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Histórias de superação: Dupla brusquense dribla dificuldades estimulada por uma paixão em comum

Há cinco anos, participar de provas de corrida ainda parecia algo distante para os brusquenses Marcelo Viana e Rafael Oliveira, ambos de 28 anos

por Sidney Silva
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Há cinco anos, participar de provas de corrida ainda parecia algo distante para os brusquenses Marcelo Viana e Rafael Oliveira, ambos de 28 anos. Até então, eles levavam uma vida longe das pistas quando foram apresentados à corrida. Desde então, são figuras carimbadas nas provas realizadas em Brusque e região.

Costumeiramente, Rafael vence as disputas de 5k, com Viana no seu encalço. Para o multicampeão Rafael Oliveira, que somente nos últimos 15 dias venceu a Corrida O Município e também a etapa brusquense do Circuito de Corridas Unimed, o primeiro contato com a modalidade ocorreu em 2016, justamente na Corrida da Unimed. Logo de cara Rafael brilhou ao conquistar o título da prova de 5 quilômetros. Era o início de uma grande trajetória. “Quando venci a Corrida da Unimed aquele ano, fiz o percurso em 18 minutos, hoje corro para 15min50s (recorde do atleta), o que mostra a minha evolução”, comenta.

Antes da Corrida da Unimed, Rafael Oliveira começou a despontar dias antes na disputa do atletismo dos Jogos Comunitários de Brusque, quando ficou em terceiro na prova dos 100 metros e foi o campeão da prova dos 800. Naquela época, o auxiliar de estamparia estava apenas descobrindo seu potencial, que mais tarde seria consolidado com vários outros títulos. “Sou também tricampeão estadual dos Jogos do Sesi, nos 800 metros. Se eu ganhar esse ano entro para a história da competição, já que ninguém venceu quatro vezes”, ressalta ele, que detém também o título da prova de 3 mil metros.

Início por acaso
Se a história de Rafael Oliveira com a corrida começou meio que por acaso, o tecelão Marcelo Viana também teve uma trajetória semelhante. “Eu jogava bola, depois fiquei um tempo parado e minha ex-esposa me apresentou amigos que me convidaram para correr”, conta ele, que desde então não parou mais. “Aí teve uma prova em Guabiruba (2017), treinei um pouco e já me enfiei lá, e logo depois uma Meia Maratona em Brusque. Foi a minha segunda corrida e já fiquei em terceiro lugar”, relembra.

Atualmente, o corredor, junto com o hoje amigo Rafael Oliveira, é o principal atleta de Brusque na prova de 5 quilômetros. “Também competimos muito em provas fora da cidade e sempre pegamos pódio e temos bons resultados. Quando é aqui em Brusque e não vem ninguém de fora se torna uma corrida de baixo nível, e acaba dando sempre eu e ele. Lá fora tem muita gente boa, por isso gostamos de correr fora, em razão do nível se tornar maior”, salienta Marcelo, que somente uma vez conseguiu superar o amigo de pista. Foi em maio desde ano, na Meia Maratona de Balneário Camboriú, com mais de 3 mil atletas. “Foi a primeira vez que ganhei dele”, comenta, diante da defesa, sob risos, de Rafael. “Na verdade, nessa prova eu trabalhei o dia todo e estava virado porque não consegui ser liberado do trabalho. Geralmente, a gente anda junto, mas quando passa dos 3 quilômetros eu abro porque tenho mais chegada que ele, mas nesse dia eu estava muito desgastado, ele manteve e foi o campeão”, justifica Rafael.

Histórias de títulos e sacrifícios
Se Rafael e Marcelo quase sempre comemoram os títulos juntos, de certa forma também vivem as dificuldades diárias do esporte. Dedicação, sacrifícios e pouca valorização fazem parte da rotina dos atletas. “Nós não temos nenhum apoio do poder público, e os patrocínios, quando conseguimos, dificilmente é algo em dinheiro”, comenta Marcelo. Atualmente, ele é apoiado pelas empresas KRCON Empreendimentos, JK Motos, Mariani Modas e Barbershop Brusque, mas só uma auxilia financeiramente, as outras são por meio de serviços e parcerias. “Alguns me dão mudas de roupas, tênis, entre outras coisas, o que já ajuda bastante. São poucos, mas só tenho a agradecer, porque são muito importantes”, diz Marcelo. “Tudo que ganho acaba sendo um patrocínio”, ressalta. As inscrições para as corridas, são cerca de 20 ao ano, geralmente são pagas pelo atleta, ou, em alguns casos, subsidiadas por empresas que promovem o evento ou grupos de corrida que querem estampar o peito do atleta campeão. Uma das apoiadoras de Marcelo é a GRE Educative, grupo de corrida de Balneário Camboriú.

A realidade de Rafael Oliveira é um pouco melhor, mas ainda longe do ideal. “Quando vou pedir patrocínio, ou o pessoal me vê pela cidade, sempre me dão os parabéns, mas patrocínio nada”, diz, aos risos. “Sou um pouco mais privilegiado do que o Marcelo nesse quesito porque ganho muita cortesia, principalmente aqui em Brusque. Tenho apoio da Irmãos Hort, que é a empresa que eu trabalho e me ajuda muito. Além disso, a empresa do meu próprio encarregado, Michelangelo Confeccções, me auxilia, e agora fechei um novo patrocínio com um grupo de corrida aqui de Brusque, Run4beer”, celebra.

Mas os valores arrecadados com os patrocínios ainda estão longe, conforme ressalta o atleta, de fazê-lo dar um passo mais largo do que os que já foram dados até agora. “Um sonho que tenho é o de fazer uma prova fora do Estado. Uma Meia Maratona de Curitiba, do Rio de Janeiro ou até uma São Silvestre, dá para realizar, mas já vai uns “milão” (R$ 1 mil)”.

O valor parece pequeno, mas para atletas acostumados a viver com a dificuldade de patrocínio no esporte, representa uma bolada e tanto. “E não é só isso. Vivemos uma realidade em que temos que ter apoio das nossas empresas para poder competir, e, graças a Deus, somos privilegiados por isso. Na questão financeira, para evoluir num treino você tem que ter um bom relógio para pegar o tempo, um calçado adequado para correr, um apoio suplementar para melhorar seu rendimento. E essa é uma dificuldade que vivemos diariamente”, finaliza Rafael, na esperança que novos patrocínios possam pintar.