Home Natação Matheus Rheine, a grande esperança da natação brasileira no Rio

Matheus Rheine, a grande esperança da natação brasileira no Rio

O brusquense que vem fazendo história no esporte brasileiro tem a chance de conseguir a consagração máxima da carreira de um atleta. O nadador Matheus Rheine entra como fortíssimo candidato a medalhas nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro nos 50, 100 e 400 metros livre.

por Sidney Silva
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 O brusquense que vem fazendo história no esporte brasileiro tem a chance de conseguir a consagração máxima da carreira de um atleta. O nadador Matheus Rheine entra como fortíssimo candidato a medalhas nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro nos 50, 100 e 400 metros livre.

Os Jogos acontecem de 7 a 18 de setembro. A natação já começa no primeiro dia de evento e só acaba um dia antes do fim das Paralimpíadas. Aos 23 anos de idade, Matheus Rheine já carrega o peso de ser o único nadador cego da história do Brasil a conseguir medalha em Campeonato Mundial. São quatro ao todo, duas pratas nos 400 metros livres, mais uma prata e um bronze nos 100. As conquistas foram alcançadas em 2013, no Canadá e ano passado, na Escócia. O brusquense compete na categoria S11.

Rheine nada nos 50, 100 e 400 metros livre no Rio de Janeiro. “Eu vou lutar muito. Vou dar meu sangue e acredito que posso conseguir ao menos duas medalhas para o Brasil”, afirma. O atleta está se referindo aos 100 e aos 400, pois considera que nos 50 não tem um desempenho tão alto quanto nas outras provas. Porém, o ranking mundial de natação aponta o brusquense como forte candidato nas três frentes.

Nos 50 metros livres Rheine ocupa atualmente a quarta posição do ranking, com o tempo de 27 segundos e 37 centésimos. O brusquense está apenas a 21 centésimos do terceiro colocado, Keichii Kimura, do Japão. Nos 400 metros Rheine é terceiro lugar, mas a distância para o líder é minúscula, colocá-lo como candidato ao ouro não é exagero nenhum. O brusquense tem o tempo de 4 minutos, 43 segundos e 57 centésimos, menos de um segundo mais lento que o primeiro colocado, Bradley Snyder, dos Estados Unidos.

Já nos 100 metros Rheine ostenta a segunda posição do ranking, novamente atrás de Snyder. Enquanto o brusquense tem 59 segundos e 23 centésimos, o americano possui a marca de 57 segundos e 40. Todos esses tempos somados às conquistas de Rheine durante o ciclo olímpico (seis medalhas contando Mundiais e Parapan) levam a uma conclusão óbvia: é muito difícil imaginar o nadador saindo sem nenhuma medalha das Paralimpíadas do Rio de Janeiro.

Quatro anos depois, uma nova chance

Apesar de jovem, estes não serão os primeiros Jogos Paralímpicos de Matheus Rheine. Em Londres, com apenas 19 anos, o nadador competiu nas mesmas provas que fará no Rio de Janeiro, se garantindo entre os 10 melhores em todas, mas sem conquistar medalhas. Em 2012, o brusquense foi décimo lugar nos 50 metros livres, nono nos 100 e sexto colocado nos 400.

Quatro anos mais experiente, desta vez Matheus Rheine acredita que pode buscar ao menos duas medalhas nas Paralimpíadas. “Mudou muita coisa neste período. Estou mais experiente. Cada vez que nado eu aprendo algum coisa. Na verdade em um dia já se pode aprender demais, imagine em quatro anos. Um exemplo é o meu tempo nos 400 metros. Em 2012 fiz 4 minutos e 57 segundos. Hoje estou com 4 e 43, é um salto muito grande”, avalia.

No ciclo olímpico Rheine participou de muitas grandes competições, conquistando vários bons resultados. Cada vez mais, o brusquense está acostumado a estes momentos e sabe lidar muito bem com a pressão. “Ainda assim, eu vou sentir o friozinho na barriga quando cair na piscina no Rio de Janeiro. Sempre vou sentir. Se um dia parar vai perder a graça. Eu vou sim entrar na piscina para buscar as medalhas. Porém, acima de tudo, vou lá para me divertir”.

A evolução de Matheus Rheine nos últimos quatro anos também foi técnica. ‘Nadar não é só usar força. É a forma como você puxa a água que te faz se deslocar mais rápido. A forma como posiciona o cotovelo, por exemplo, faz muita diferença no nado crawl no qual a braçada é muito mais importante que a pernada. São vários detalhes nos quais eu amadureci e melhorei desde 2012. E isso vai me ajudar muito nesta competição tão grandiosa, a mais importante do planeta”.

O brusquense elege o suporte que recebe como outro fator determinante para o aumento de suas chances de medalha de 2012 para cá. “A minha equipe está maior e neste quesito a principal adição foi uma psicóloga. Além disso, agora sou casado e minha mulher apoia 100% o que eu faço. A família toda é fundamental nesta luta”.

O treinamento para os Jogos Paralímpicos

O ano de 2016 é muito promissor para Matheus Rheine. O nadador conseguiu tempos que o deixam pelo menos entre os quatro melhores do mundo nas três provas que vai disputar no Rio de Janeiro. “O meu treinador (Rogério Branco) definiu dois ciclos para este ano. O primeiro se daria em duas competições, o Open do Rio e depois outra competição na Ilha da Madeira, em Portugal. O meu desempenho foi bom, pois mesmo no começo da temporada eu consegui fazer os tempos de quando eu estava no auge do ano passado, no Mundial e no Parapan”, destaca.

 Matheus Rheine ainda abaixou o tempo dos 400 metros de 4 minutos e 45 segundos para 4 e 43. “Meu objetivo é fazer 4 e 39 nas Paralimpíadas. Nos 100 metros eu quero fazer 58 segundos e nos 50 metros busco 26 segundos. Com esses tempos acredito que trago pelo menos duas medalhas para o Brasil. É claro que existem muitos outros atletas se preparando demais para esta competição. Mas a atmosfera da torcida brasileira vai ser sensacional e acredito que vai fazer muita diferença”.

O foco do brusquense é conseguir bater os tempos estabelecidos por ele mesmo. “Vai conseguir medalha quem bater na frente primeiro. Eu vou buscar fazer aqueles tempos que defini. Quando eu penso em uma meta eu me sinto seguro e nado com mais tranquilidade. Se eu fazer meus tempos vou me sentir muito realizado e sabendo que todo o esforço e treinamento foi aproveitado da melhor forma possível. Daí a medalha vai ser só consequência de tudo”.

A história do nadador é tão espetacular que virou documentário. No final de agosto estreou na ESPN Brasil: Do outro lado: a conquista de Matheus Rheine. Produzido pela Café Preto Filmes e pela SetCom e coprodurzido pela própria ESPN.