Home Futsal Melhor atleta de futsal do mundo sonha em um dia disputar uma Olimpíadas pela modalidade

Melhor atleta de futsal do mundo sonha em um dia disputar uma Olimpíadas pela modalidade

Nascida na periferia do Ceará, Amandinha desde cedo enfrentou dificuldades. Desde 2011 está no clube brusquense, onde ganhou tudo que já disputou. Hoje, é objeto de desejo dos principais times da Europa.

por Sidney Silva
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“Eu procuro sempre buscar a minha felicidade. Enquanto estiver feliz em um lugar vou permanecer”. As palavras são de Amanda Lyssa, a Amandinha, atual melhor atleta do mundo e que este ano concorre pela segunda vez como a principal jogadora do planeta.

São apenas 21 anos, mas no currículo conquistas e histórias que fazem da atleta a principal vitrine atualmente no futsal feminino. A carreira de sucesso traz holofotes, mídia, reconhecimento. Nada que abale a humildade da jovem atleta do Barateiro Futsal/FME.

Nascida na periferia de Fortaleza (CE), Amandinha desde cedo enfrentou dificuldades. Desde 2011 está no clube brusquense, onde ganhou tudo que já disputou. Hoje, é objeto de desejo dos principais times da Europa.

Longe de conseguir a independência financeira, sonho de todo atleta de futebol, Amandinha mostra que não somente dentro de quadra é uma atleta nota 10. “Existiram propostas da Itália e da Espanha para ganhar muito acima do nível de salário aqui do Brasil. Mas acredito que ainda não estou preparada para sair. Não é só querer ganhar para si. Sou muito grata e quero permanecer aqui, se Deus quiser e por muito tempo. Se ocorrer de um dia eu ir para fora, quero voltar para cá de novo. Vou lá, ganho dinheiro e volto pra cá”, diz a atleta, que mostra um amor fora do comum pelo clube. 

Aliás, a relação entre Amandinha e Barateiro Futsal pode ser tratado como um casamento que deu certo, algo que envolve muito além das quatro linhas. Um laço difícil de separar.

Vida comum
Aos 21 anos, Amandinha já ganhou tudo que uma atleta de futsal poderia conquistar. Não foram somente os feitos individuais que fizeram da jovem jogadora a grande estrela do esporte no país. Tanto no Barateiro Futsal quanto na seleção brasileira, Amandinha foi sempre a protagonista. 

Apesar disso, a atleta ainda hoje leva uma vida comum em Brusque. Sempre acompanhada das colegas de time, muitas vezes é vista dirigindo sua moto, uma biz, pela cidade. Vai e volta aos treinos de carona, situação que reflete a realidade do futsal feminino ainda hoje e, claro, o perfil dessa atleta que encanta a todos pela sua humildade.

EsporteSC.com conversou com Amandinha após o treino da última terça-feira (16). Em meio à chuva que ocorria em frente ao local onde a jogadora mora com cerca de outras 20 atletas, no Jardim Maluche, no carro da equipe de reportagem a jogadora contou boas histórias, falou do amor pelo Barateiro Futsal e do que pensa para o seu futuro. Confira abaixo a entrevista com a melhor atleta do futsal mundial.

EsporteSC.com – Como é a sensação de ser indicada pela segunda vez ao prêmio de melhor atleta do mundo?

Amandinha – É algo muito gratificante. Quando você ganha uma vez, pode ser fruto apenas de uma temporada boa que você fez, mas pode ter sido só aquela. O fato de estar entre as melhores do mundo novamente mostra que estou no caminho certo, no time certo e com as pessoas certas. Só tenho a agradecer muito a todos que me ajudaram. A minha equipe, as minhas companheiras de seleção, à minha chefe Daniela (Daniela Civinski – diretora do Barateiro Futsal) e ao técnico Esquerda, pois quando cresci muito dentro de quadra, foi quando vim para cá. Se estou concorrendo novamente a esse título, devo a eles também.

EsporteSC.com – Você tem recebido muitas propostas nas últimas temporadas, sobretudo após ser escolhida a melhor jogadora do mundo. Como avalia essa situação?

Amandinha – Eu procuro sempre buscar a minha felicidade. Enquanto estiver feliz em um lugar vou permanecer. Existiram propostas da Itália e Espanha para ganhar muito acima do nível de salário aqui do Brasil. Mas acredito que ainda não estou preparada para sair. Não quero sair no momento. Pretendo ficar no Barateiro Futsal. Converso muito com a Daniela sobre isso e sou muito feliz no time que faço parte, por tudo que conquistei aqui. Estou num time que realmente faz tudo por nós e tenho que ser grata também. Não é só querer ganhar para si. Sou muito grata e quero permanecer aqui se Deus quiser e por muito tempo. Se ocorrer de um dia eu ir para fora, quero voltar para cá de novo. Vou lá, ganho dinheiro e volto pra cá.


EsporteSC.com –
Qual o impacto de entrar em quadra carregando nas costas o peso de ser vista como a melhor atleta do mundo?

Amandinha – Com certeza tem grande impacto, porque toda vez que você vai para um jogo, competição ou qualquer lugar, você é vista como a melhor do mundo. Qualquer atitude ou deslize as pessoas vão dizer: – Poxa, essa é a melhor jogadora do mundo de futsal? Então, é uma responsabilidade muito grande e acabei crescendo um pouco mais, amadurecendo mais, claro com a parte de fora, da Daniela, com bastante ajuda dela e da minha família. Às vezes isso pesa. Você está dentro de quadra e pensa, ‘poxa, eu tenho que mostrar isso e aquilo’. Mas procurei sempre entrar em quadra tranquila, pensando somente em entrar feliz, fazer o que sei fazer e mostrar o meu futebol.


EsporteSC.com –
Foi difícil se adaptar a ser vista como a melhor atleta do planeta?

Amandinha – Não é que estranhava, mas era uma coisa nova na minha vida. Jamais imaginei que iria ganhar um título deste com 20 anos. É uma coisa que realmente não sabia explicar. No momento que as pessoas me chamavam meio que a ficha não caia, não tinha noção de tudo que representava. Mas acho que consegui aproveitar bastante esse título, pois valeu muito para eu amadurecer.


EsporteSC.com –
Hoje, depois de tudo que passou, o que passa pela sua cabeça quando pensa dos feitos que já conquistou e tudo que já enfrentou para chegar até aqui?

Amandinha – Poxa.. É uma boa pergunta… (pausa para pensar) Me sinto muito lisonjeada acima de tudo. Sou uma pessoa muito grata a Deus por poder realizar os meus sonhos, porque desde criancinha passei por muitas dificuldades. Jogava com homens e tinha aquele preconceito. Antes o futebol feminino não era muito bem visto. Então, não só eu, mas todas as meninas tiveram que enfrentar muitas dificuldades. E hoje sou muito feliz em dizer que fui campeã de tudo e realizei a maioria dos meus sonhos, claro que tenho mais, que é digamos ver o futsal nas olimpíadas, jogar as olimpíadas pela seleção brasileira, mas hoje sinto uma felicidade que não tem tamanho.