Home Vôlei Vôlei adaptado promove reencontro de atletas do Jasc de 1960, em Brusque

Vôlei adaptado promove reencontro de atletas do Jasc de 1960, em Brusque

Elas são alegres, sorridentes, têm uma longa bagagem de vida e ainda muita história para contar. Darcy Maurici Tormena, 76 anos, Gercy Tormena Rodrigues, 77 e Maria Odete Appel, também com 77, são hoje um dos maiores exemplos do que a paixão pelo esporte pode proporcionar.

por Sidney Silva
0

 Elas são alegres, sorridentes, têm uma longa bagagem de vida e ainda muita história para contar. Darcy Maurici Tormena, 76 anos, Gercy Tormena Rodrigues, 77 e Maria Odete Appel, também com 77, são hoje um dos maiores exemplos do que a paixão pelo esporte pode proporcionar.

O trio fez parte da equipe de Brusque que participou dos primeiros Jogos Abertos de Santa Catarina, em 1960, e, ainda hoje, mostra que tem muita lenha para queimar.

A paixão de infância pelo esporte, é claro, seguiu pela juventude e, mesmo com a chegada do casamento, filhos, netos e até bisnetos nunca foi capaz de morrer. Nem mesmo a temida fase da terceira idade foi capaz de afugentar as atletas da prática. Pelo contrário, se no esporte Darcy, Gercy e Maria Odete se conheceram, foi justamente através dele que voltaram a se encontrar.

O voleibol, esporte da juventude, foi também o que voltou a unir as três atletas que fazem parte do programa de iniciativa da Fundação Municipal de Esportes de Brusque. “Pra começar a jogar, uma convidou a outra. Eu casei, fui embora e agora nos reencontramos através do esporte”, conta Darcy, que começou a jogar vôlei aos 15 anos na Sociedade Bandeirante. Depois que casamos (Darcy, Gercy e Maria) ficamos paradas uma época. Até descobrir o vôlei adaptado”, revela ela, que é avó da talentosa Karoline Tormena, brusquense que hoje joga no Minas Tênis Clube. “É algo que está no sangue da família”, brinca.

Gercy diz que depois de casada parou 5 anos e posteriormente começou a jogar de novo. Teve uma nova interrupção quando teve dois filhos, até reencontrar as amigas. “Ninguém mais se via e começamos aqui, tudo junto. E enquanto der a gente vai continuar”, salienta.

Ela comenta que além do vôlei adaptado, ainda frequenta com as amigas o grupo de idosos, o que fortalece cada vez mais o espírito de união e amizade. “Tem ainda os encontros que a gente faz. É uma alegria total. Algo muito bom e que eu aconselho sempre”, destaca.

A história de Maria Odete Appel não é muito diferente das colegas. Apesar de ter feito parte da equipe de Brusque no atletismo, foi no voleibol, também paixão da juventude, que ela fortaleceu os laços com as amigas e o esporte.  Maria morou 28 anos em São Paulo, e assim que retornou à cidade passou a praticar o vôlei adaptado para a terceira idade. Reencontrou as colegas jogando no Sesc, local onde elas também praticam a modalidade até os dias de hoje. “Foi também o primeiro esporte que apareceu para a gente da terceira idade. Temos outras opções, como dança, mas o esporte é o lugar onde a gente se identifica. O vôlei adaptado é um despertar para a vida na terceira idade. É o momento de lazer e prazer, o desenvolvimento que buscamos todo dia”, diz.

 80 anos de muita disposição

São 80 anos nas costas e ainda muita disposição. Ruth Mosimann é hoje um dos exemplos a ser seguido junto com as companheiras do grupo da terceira idade que jogam o vôlei adaptado em Brusque. Assim como as colegas, também esteve presente na primeira edição dos Jasc em 1960, mas representando Florianópolis, com uma trajetória brilhante que seguiu pela frente. “Em 12 anos de Jasc foram 10 títulos e 2 vice-campeonatos”, se recorda.

Ruth começou com o grupo brusquense em fevereiro deste ano e diz que a oferta da modalidade é ótima para continuar a prática do vôlei. “Sempre joguei a minha vida inteira”, ressalta.

Atualmente a brusquense participa de campeonatos pela equipe de Brusque e joga inclusive o Brasileiro da modalidade pelo Paraná na categoria acima de 70 anos. “O vôlei para mim é companheirismo e amizade. São muitos amigos. Todos atenciosos uns com os outros. Isso é algo muito bom”, diz ela, que há dois anos tem dividido a paixão de juventude por outra modalidade. “Hoje faço stand up paddle também na Lagoa de Ibiraquera (no Sul do estado). Comecei aos 78 anos. É um negócio que chama a atenção. Sou famosa. Já fizeram duas reportagens em TV nacional comigo”, brinca.

Como funciona o vôlei adaptado

A prática consiste em trabalhar o voleibol com adaptações para desenvolver habilidades nas pessoas da terceira idade. São três categorias: máster, sênior e bisa, cada qual com as suas regras, “nada muito distante do vôlei convencional”, explica o professor Edson Garcia, que coordena o programa desde o seu início. O máster (50 a 60 anos) é o vôlei normal. Tendo a vantagem de segurar uma bola. Sênior (60 a 70) e bisa (acima de 70) pode segurar duas vezes. Quando há o desequilíbrio o atleta ainda pode andar quantos passos quiser até equilibrar. O restante é muito próximo do normal”.

Os treinos da modalidade ocorrem duas vezes por semana na Arena Brusque. Atualmente o grupo tem cerca de 40 atletas, a maioria mulheres. Segundo Garcia, os homens ainda têm mais resistência, mas a procura tem aumentado bastante.

Ele destaca que para participar não é necessário que a pessoa tenha um conhecimento prévio da modalidade. Apesar de a grande maioria já ter noção de voleibol, o trabalho é feito de forma a fomentar o desenvolvimento de todo o grupo. “Trabalhamos muito a parte de coordenação, equilíbrio, percepção e principalmente agilidade. Tem pessoas que chegam aqui sem saber nada de voleibol e geralmente apresentam uma evolução muito grande”, diz o professor. Mas informações sobre o projeto podem ser obtidas na FME ou pelo telefone 3351-3384.